sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O emprego que nasceu no sec.XX morreu e agora? Newsletter GTi


Se nasceu na 2ª metade do Sec. XX, provavelmente o percurso profissional que lhe aconselharam ou que via como mais apetecível seria o de estudar, tirar um curso, trabalhar.
A esmagadora maioria das pessoas sabia que, se estudasse teria emprego garantido.

Com o 25 de Abril, surgiram outros benefícios que tornavam o emprego para o estado ainda mais apetecível, subsídio de natal, férias e em alguns casos, alimentação e deslocações.
Falando do caso português, este sistema pós 25 de Abril, gerou 6 milhões de funcionários públicos segundo dados do INE.

Desde de 2007 e com a crise dos subprimes, nos EUA, que levou ao caso Madoff e falências de bancos considerados infalíveis como o Lehman Brothers, geraram-se ondas de choque que varreram a Europa, começando na Islândia, alastrando para a Irlanda, Inglaterra, Escócia, Grécia, Portugal e, mais recentemente Espanha e Itália, as regras alteraram-se.
A maioria dos economistas e especialistas financeiros apontam, para que a actual situação económica se mantenha ou piore, até 2015.

Julgo estarmos a assistir  algo semelhante, ao que se passou no final da década de 80, terminando a mesma com um crash bolsista na América e com a segunda vinda do FMI  a Portugal. Ficaram famosas as palavras de Donald Trump, em 1990  quando disse “Survive till 95” (sobreviver até 1995). Julgo podermos dizer que é necessário sobreviver até 2015 mas, com uma grande dose de incerteza em relação principalmente à União Europeia e zona Euro
Os níveis de desemprego dispararam nos EUA e, consequentemente na Europa.
Portugal tem sido um dos países mais fustigados pela crise devido, à sua baixa produtividade e capacidade financeira para reverter balanças de pagamentos deficitárias.
Além deste factor e é do consenso geral, as características da população fazem com que Portugal seja um dos países mais prejudicados.

A habituação da população ao estado “paizinho”, sublevou muito capital empreendedor durante décadas. Ironia das ironias, os portugueses que mais se destacaram a nível económico-financeiro, empreenderam por sua conta.
O emprego no sec. XXI, não é para toda a vida, é mal pago, não permite progredir na carreira e não oferece benefícios em qualquer circunstância.
Algumas pessoas, ainda assim, argumentam que há empregos bem pagos, como por exemplo futebolista (Cristiano Ronaldo), ou banqueiros (António Horta Osório, CEO do Lloyds BanK).
Mas serão mesmo bem pagos, pergunto? Não há pessoas a ganhar mais dinheiro e que não dispensam o tempo que estas duas figuras dispensam. António Horta Osório, esteve vários meses de baixa por um esgotamento,  Cristiano Ronaldo está constantemente sobre uma pressão que julgo 90% da população portuguesa, não conseguiria aguentar pois, crianças e jovens a jogar futebol em Portugal serão provavelmente milhares e não vejo muitos chegarem ao mesmo nível.
Trabalho não equivale a riqueza e, cada vez mais esse facto vai acentuar-se.

No meu entender, a solução passa por cada um, procurar um veículo que lhe permita atingir os seus objectivos, criar ele próprio as suas oportunidades. Portugal, ainda não é um país totalmente desprovido de oportunidades, não temos uma esperança média de vida de 25 ou 30 como nalguns países africanos. Acredito que ainda existem condições para criarmos e construirmos o nosso próprio futuro. Agora, que comboio querem apanhar? O comboio do emprego do sec. XX, ou um comboio do séc. XXI, que é totalmente diferente daquele que os nossos pais apanharam e que tão bem os serviu, ou não?
“Dêem-me um emprego!”, “ Tenho direito a trabalhar!”, são frases que ouvimos praticamente todos os dias nos telejornais, proferidas por jovens. A mim parecem-me palavras velhas e gastas de pessoas desfasadas da realidade actual.
Reflictam, procurem, inspirem-se em quem teve sucesso, aprendam com quem continua a prosperar e a quem a crise não toca.

Adaptação e inteligência, fizeram do ser humano a espécie dominante.

Sérgio Afonso Mesquita
Empreendedor GTi e Investidor